www.istoé.com.br
Não é de hoje que os escândalos de corrupção
carregam o pecado original do dinheiro de campanha. E, nos últimos dois anos e
meio, seja pela operação Lava Jato ou por outras de menor porte, os brasileiros
são diariamente bombardeados por novos casos de desvios de dinheiro público. Em
todos eles, a origem da safadeza está na arrecadação de recursos para a
eleição. Foram esses propinodutos — revelados a cada dia — e não razões
ideológicas que levaram a ex-presidente Dilma e o PT a sucumbirem. São esses
casos de corrupção que colocam legendas partidárias de várias cores e políticos
em geral na lista negra do eleitor. Deveríamos, então, comemorar a proibição do
dinheiro de empresas nas campanhas para prefeitos e vereadores. Em tese, o fato
de só ser permitida a contribuição feita por pessoas físicas iria baratear as
campanhas e inibir o apetite financeiro de partidos e políticos profissionais.
Pois bem, a nova regra foi implantada e em menos de 15 dias o que se verifica é
número absurdo de fraudes. Parece que nossos atores políticos não estão nem um
pouco preocupados com o fato de terem, junto à sociedade, a mesma credibilidade
de uma nota de três reais.
TCU e TSE poderiam permitir que o
eleitor fizesse justiça mais rápido do que os tribunais
O TCU fez um levantamento com 114,5 mil doadores de
dinheiro para campanhas e encontrou 38,9 mil casos irregulares. Ou seja,
fraudes em 34% das doações. Se destacam nesse universo as doações feitas por
mortos e por beneficiários do Bolsa Família. Isso significa que campanhas continuam
sendo feitas com dinheiro ilegal. Por traz dessas ações podem estar empresas,
igrejas, crime organizado e até sobra de campanhas anteriores repassando
recursos para os atuais candidatos. É uma pena que nem o TCU nem o TSE informem
desde já os favorecidos pela sacanagem. Assim, poderiam permitir que o eleitor
fizesse justiça de maneira mais rápida que os tribunais. Para justificar a
omissão, alegam que as investigações são ainda preliminares. Mas, não precisa
ser gênio para constatar que só pode participar da promoção de tais fraudes
aqueles políticos ou partidos que tenham acesso aos bancos de dados federais do
Sistema de Controle de Óbitos e dos cadastros do Bolsa Família. Ou seja, é bem
provável que, na hora de dar nome aos bois, tanto o TCU quanto o TSE cheguem a
velhos conhecidos da Lava Jato. Como diz o ministro Gilmar Mendes, houve um
tempo no Brasil em que morto votava. Hoje, morto doa dinheiro para campanha
eleitoral. Pouca coisa mudou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário