Total de visualizações de página

terça-feira, 24 de maio de 2016

Barroso, sobre legado do mensalão e da Lava Jato: 'Estamos valorizando os bons no lugar dos espertos'



Por Eduardo Gonçalves, 23/05/2016,
 www.veja.com.br

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso defendeu enfaticamente a "eliminação" do foro privilegiado para políticos e propôs a criação de uma vara federal especializada em julgar casos de corrupção. Segundo o ministro, o Supremo não tem estrutura para julgar todos os crimes de colarinho branco que ocorrem no país e que a prerrogativa tem uma atribuição aristocrática e resulta freqüentemente na impunidade.

"O STF não está equipado e não é o foro adequado para fazer esse tipo de juízo de primeiro grau. O mensalão, por exemplo, durou um ano e meio e ocupou 69 sessões. Não é para isso que servem fóruns constitucionais", afirmou ele, durante discurso no Fórum VEJA. "É preciso acabar com o foro privilegiado. Ou reservá-lo apenas para um número muito pequeno de Poderes", completou.

Para jusiticar a proposta, o ministro citou números que mostrar que os casos envolvendo parlamentares sobrecarregam o STF. Segundo ele, há 369 inquéritos e 102 ações penais contra agentes com foro tramitando no Supremo. Além disso, segundo ele, o prazo médio para se receber uma denúncia na corte máxima do Judiciário é de 617 dias, enquanto na Justiça comum leva cerca de uma semana.

Sobre o legado da Lava Jato e do julgamento do mensalão sobre o sistema judiciário, Barroso afirmou que as duas investigações representaram uma mudança de paradigma na sociedade brasileira, de "valorização dos bons no lugar dos espertos". "Estamos dando objetividade à reação contra a corrupção. Corrupção é um mal em si - não é exclusividade de um governo. A mudança que estamos procurando produzir é a valorização dos bons no lugar da valorização dos espertos", afirmou o ministro.

Barroso também ressaltou a necessidade de a Justiça penal ser tão dura contra crimes de corrupção como o é no combate ao crime organizado. "É mais fácil colocar na cadeia um menino por 100 gramas de maconhas do que um público que tenha praticado fraude", afirmou ele.

No início do evento, o presidente do Grupo Abril, Walter Longo, explicou a importância dos debates e disse que somente a imprensa livre dá esperança para que um dia o Brasil possa ser diferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário