A ainda presidente volta a subir no palanque golpista da CUT e acusa de
Temer de pretender fazer o que ela já fez: cortar programas sociais
Por Reinaldo
Azevedo, 02/05/2016,
www.veja.com.br
Nem Lula compareceu ao enterro da
última quimera de Dilma Rousseff, neste domingo, no Vale do Anhangabaú, onde a
CUT comandou a patuscada que se queria antigolpista. Consta que o chefão está
rouco. Tomara que fique bem para assistir, gozando de plena saúde, à derrocada
do PT.
Uma das maiores mistificações políticas
da história do país — ousaria dizer que é a maior — se desmoraliza de forma
espetacular. Esse casamento exótico entre o arranca-rabo de classes, o
populismo rasteiro e a cleptocracia conduziu o país à maior crise de sua
história.
Dilma estava lá, como se sabe, com o
seu uniforme vermelho. O azul é para as entrevistas à imprensa nacional e
estrangeira. E anunciou o aumento médio de 9% para o Bolsa Família e a correção
de 5% da tabela de Imposto de Renda. O que isso significa? Aumento de dívida
pública num país quebrado. Bom para quem cobra do governo juros de 14,25% ao
ano.
Ou por outra: Dilma mantém pobres os
pobres e enriquece os banqueiros. Obra de gênio. E, diz ela, inimigos dos
desvalidos seriam seus adversários.
Como de hábito, demonizou Eduardo
Cunha, voltou a falar em golpe e disse que Michel Temer, seu sucessor — cujo
nome não foi pronunciado —, pretende acabar com o Bolsa Família. Mandou ver:
“Eles fazem isso numa tentativa de nos paralisar. Enquanto fazem isso, o
governo está fazendo a sua parte”.
Trata-se de uma farsa de vários modos.
Levantamento feito pelo DEM, com base em dados oficiais, que não tem como ser
contestado pelo governo, divulgado em reportagem
de O Globo neste domingo, evidencia que Dilma, ela mesma, teve de passar o
facão nos programas sociais no Orçamento de 2016. Ou por outra: como a sua
política econômica quebrou o país, mergulhando-o na recessão, o que fez
despencar a arrecadação, os pobres vão pagar o pato.
Corrigidos já os valores gastos em 2015
pelo IPCA (10,67%), há áreas, como é o caso da construção de creches, que vão
ter uma queda de 87% em 2016. No ano passado, foram gastos R$ 4,2 bilhões;
neste, estão previstos R$ 502 milhões. Querem mais? Pois não!
– o programa Minha Casa Minha Vida
perdeu 74% das verbas na comparação com o ano passado. O valor inicial de R$
15,6 bilhões foi reduzido a R$ 7 bilhões;
– no Pronatec, a diminuição foi de
59%;
– programas de segurança e saúde,
como o de combate ao crack e Rede Cegonha, tiveram redução superior a 20%;
– o programa Minha Casa Melhor foi
extinto;
– nem o Bolsa Família escapou. Em valores corrigidos pela inflação, houve uma queda de 5,7%: de R$ 30,4 bilhões para R$ 28,7 bilhões.
Também houve uma queda no Fies, o
programa que financia cursos universitários na rede privada. No caso, a queda
foi menor: de apenas 5%. Vejam como é mesmo “social” este governo! Na hora de
passar o facão, pune com rigor maior os mais pobres: corta mais nas creches do
que no ensino universitário. É o socialismo à moda petista.
Dilma não está caindo, todo mundo sabe,
apenas porque pedalou, embora este seja o fato jurídico que caracteriza o crime
de responsabilidade. Politicamente, ela está sendo espirrada do Planalto porque
praticou um brutal estelionato eleitoral em 2014.
E continua no ramo. Ao acusar o seu
agora adversário e sucessor de pretender cortar recursos dos programas sociais,
esta senhora tenta omitir o óbvio: foi ela a cortar drasticamente os benefícios
que eram destinados aos mais pobres. Está provado.
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