Bruno Araújo suspendeu portaria
contratando a construção de 11.250 unidades, que seriam gerenciadas por
aparelhos do PT
Por Reinaldo
Azevedo, 18/05/2016,
www.veja.com.br
Ai, ai… Bruno Araújo (PSDB), ministro
das Cidades, acabou caindo numa armadilha preparada por Dilma Rousseff, à
afastada. No dia 11, quando seu julgamento já estava em curso e se tinha a
certeza de que seria apeada do Palácio, a petista assinou uma portaria
contratando a construção de 11.250 unidades do Minha Casa Minha Vida na
modalidade “Entidades”.
Que estrovenga é essa? Ora, o governo
repassa dinheiro para aparelhos políticos, como o MTST, por exemplo, para que
estes cuidem da construção das moradias, entenderam? É a forma esquerdista de
privatização do Estado.
É claro que considero isso um absurdo.
Ademais, é uma forma de institucionalizar o fura-fila no sistema. Quem aceitar
se submeter, por exemplo, a dita, disciplina do Sr. Guilherme Boulos acaba tendo
prioridade. É mesmo o fim da picada!
Mais: Dilma assinou a portaria e não
disse de onde tiraria o dinheiro. Pra quê? A medida fazia parte do seu pacote
de bondades anunciado no ato da CUT e das esquerdas contra o impeachment,
realizado no dia 1º de Maio.
E, ora vejam! Por óbvio, essa tal
“Modalidade Entidades” é um exemplo de ineficiência. Informa VEJA.com que, do
total de casas contratadas por esse meio na primeira etapa, ainda no governo
Lula, mais da metade ainda precisa ser entregue. Da segunda fase, sob o comando
de Dilma, apenas 8,9% das moradias foram finalizadas.
Digam aí: vocês esperavam coisa
diferente? Eu não! Esses tais “movimentos sociais” costumam ter como prioridade
fortalecer os… “movimentos sociais” e o partido ao qual estão ligados. Os pobres
e necessitados são apenas um pretexto e a massa de manobra mobilizável.
Do ponto de vista técnico, pois, não
tenho a menor dúvida de que Bruno Araújo fez a coisa certa. Mas lhe faltou um
pouco de malícia política.
Ora, qual é a tecla em que insiste o PT
desde quando o fantasma do impeachment de Dilma tomou corpo? Os “companheiros”
asseguram que a intenção do governo Temer é cortar programas sociais. Araújo
não está cortando nada. No máximo, quer rever uma mamata garantida a alguns
petralhas. Mas e daí? Essa é a versão que vai prosperar e que está se tornando
dominante inclusive na imprensa que se diz “isenta”.
Sim, é preciso que se revejam os
privilégios concedidos a essas franjas do petismo que se travestem de
“movimentos sociais”. Não é segredo para ninguém que parte dos bilionários
recursos da agricultura familiar, por exemplo, vai parar nas mãos do MST, por
intermédio de cooperativas. E, como se nota, prática semelhante se dá no
programa de moradia. E não duvidem: onde quer que haja um programa social, lá
estarão os companheiros prontos para mamar nas tetas oficiais.
Assim, a atitude de Bruno Araújo
mereceria só aplausos não tivesse sido ele um tanto ingênuo, acho eu. Ainda que
a atitude esteja essencialmente correta, não é hora de tornar verossímil o
falso discurso dos golpistas de esquerda, segundo os quais o governo que aí
está tem a intenção de acabar com os programas sociais.
Fazer o certo na hora errada será
sempre um erro.
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