Por
Reinaldo Azevedo, 16/07/2015,
www.veja.com.br
Não estou a fim de dar nó na cabeça do
leitor, não! Ao contrário: estou é a fim é desfazer o nó com que certa
estupidez tenta atá-lo. Abaixo, você lê reportagem da VEJA.com em que se
informa que o Ministério Público abriu inquérito para apurar possível tráfico
de influência praticado por Lula a serviço da Odebrecht.
Acho que a investigação tem de ser
feita? É claro que acho! Não sou nem advogado nem verdugo da empreiteira.
Apenas sigo princípios que orientam este blog há nove anos. Eu não mudei. Nem
de lado nem de fundamentos. Vamos ver.
Lula tinha o direito de, fora da
Presidência, atuar como funcionário, lobista, parceiro, propagandista ou algo
assim de qualquer empreiteira? É claro que sim! Fora daquela função, sem
exercer cargo público, é um cidadão como qualquer um de nós.
O problema, desde sempre, é a forma
como atua este senhor, expressão do modo como age o seu partido — e é por isso
que a investigação tem de ser feita, sim. Lula se reúne, desde sempre, com
desassombro com representantes do governo, com presidentes de estatais, com
altas figuras da burocracia.
Comporta-se como uma espécie de
presidente acima da presidente, como um condestável da República. Infelizmente
para o Brasil, não é segredo para ninguém que contar com a boa-vontade deste
senhor pode ser útil aos negócios — para qualquer negócio. E pode ter sido
assim também para o Odebrecht?
Pode. Dadas as evidências da parceria, então que
se apure se Lula foi apenas um propagandista da empresa no exterior ou se usou
o seu conhecimento do governo e sua óbvia influência para vender facilidades.
Constatadas irregularidades, que todos
paguem o justo preço por ela. Meu único compromisso, agora como antes, é com a
ordem legal. É claro que o país ainda não é, assim, uma República muito
convencional, não é mesmo? A cada vez que Dilma se reúne a sós com Lula e que declara
que ele é um ser acima do bem e do mal, é a República que se degrada. Ninguém
ignora que o ex-presidente ainda tem o domínio de boa parte da máquina pública.
Se, com essas prerrogativas, atuou a
serviço de empreiteiras; se há a possibilidade de ter feito uso dessa
influência para criar facilidades, então que se faça a investigação. E fim de
papo!
Acabam fabricando impunidade aqueles
que atropelam a ordem legal. Eu, ao contrário, defendo o triunfo da lei. Para
todo mundo.
Mas atenção! Não vejo por que a
investigação deva se ater à Odebrecht, não é mesmo? Tudo indica que o Lula
propagandista é de amplíssimo espectro. Basta cavoucar. Quando este senhor está
em pauta, vale a máxima de Dois Córregos: a cada enxadada, uma minhoca.
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