Em delação premiada, ex-engenheiro da empresa diz que Gabrielli ordenou
compra de Pasadena para saldar “compromissos políticos”
Por Reinaldo Azevedo, 16/11/2015,
www.veja.com.br
O que há em comum entre a compra, pela Petrobras,
de uma refinaria enferrujada em Pasadena, nos EUA, e um empréstimo ao PT,
depois transformado em doação? Ora, o… PT!!! Que coisa impressionante! Ninguém
nunca será malvado ou maledicente por desconfiar da honestidade dessa gente.
Ah, sim: finalmente, José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras durante
toda a fase da lambança, começa a ganhar um lugar na narrativa.
A Polícia Federal deflagrou nesta segunda a
vigésima fase da Operação Lava Jato, batizada de “Corrosão”. O foco, desta vez,
são ex-funcionários da Petrobras que embolsaram propina em contratos da
refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e na compra da unidade de Pasadena.
Nota: por que “corrosão”? A empresa americana foi batizada de “A Ruivinha” numa
referência à ferrugem!!!
Gabrielli, finalmente, foi lembrado. O engenheiro
elétrico Agosthilde Monaco de Carvalho, que assinou acordo de delação premiada
na Lava Jato, detalhou aos investigadores a atuação do ex-presidente da
Petrobras na compra da refinaria nos EUA.
Segundo disse, o então presidente da estatal fez
pressão nos bastidores em favor da realização do negócio para “honrar
compromissos políticos”. Em seu depoimento, o engenheiro elétrico acusou ainda
a companhia belga Astra Oil de ter pagado US$ 15 milhões em propina a
funcionários da Petrobras para garantir a operação de compra da refinaria.
Para lembrar: em janeiro de 2005, o grupo Astra
comprou 100% da refinaria de Pasadena por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte,
vendeu 50% do negócio para a Petrobras por US$ 431,7 — US$ 170 milhões desse
valor se deviam ao estoque de petróleo. Mesmo assim, o lucro dos belgas foi
bestial. Após mais de três anos de litígio, a estatal se viu forçada a adquirir
a outra metade por US$ 639 milhões. De acordo com cálculos do TCU, a Petrobras
teve prejuízo de US$ 792 milhões na operação. Fernando Baiano já havia
acusado a Astra de pagar propina de US$ 15 milhões.
Foram presos na fase “Corrosão” o ex-gerente-executivo
de Engenharia da estatal Roberto Gonçalves e o operador financeiro Nelson
Martins Ribeiro. Eles são acusados de corrupção passiva, evasão de divisas,
fraude em licitações e lavagem de dinheiro. Para os procuradores, as
investigações dessa nova fase podem resultar até na anulação da compra de
Pasadena e no ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos.
Os ex-funcionários Souza Tavares, Rafael Mauro
Comino, Luís Carlos Moreira da Silva, Aurélio Oliveira Teles e Carlos Roberto
Martins Barbosa, todos da Área Internacional, foram conduzidos coercitivamente
para prestar depoimentos.
Grupo Schahin
Em delação premiada, o empresário Salim Schahin
disse que o aval do ex-presidente Lula foi decisivo para que o grupo Schahin
conseguisse um contrato bilionário com a Petrobras em 2007. Segundo ele, foi
uma compensação pelo perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco
Schahin, estimada em R$ 60 milhões. As negociações ocorreram no fim de 2006,
após a reeleição de Lula.
Meses depois, já em 2007, a construtora do grupo
assinou com a Petrobras um contrato no valor de US$ 1,6 bilhão para operar o
navio-sonda Vitória. Segundo o novo delator, a operação foi intermediada pelo
pecuarista José Carlos Bumlai, amigão do ex-presidente Lula.
Entenderam como a coisa funciona? A Petrobras
comprou Pasadena porque, afinal, era preciso honrar “compromissos políticos”, e
o grupo Schahin perdoou uma dívida de R$ 60 milhões com o PT em troca de um
contrato bilionário com a estatal.
Nos dois casos, tudo indica, a empresa foi usada
como instrumento das finanças do partido. É a privatização à moda petista.
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