O Sr. Kleber Mendonça Filho tem o
direito de dizer o que bem entender, mas nós não temos de financiar suas
opiniões
Por Reinaldo
Azevedo, 19/05/2016,
www.veja.com.br
Vamos botar um pouco de ordem na
bagunça e ver como as coisas funcionam num regime democrático.
O senhor Kleber Mendonça Filho dirigiu
um filme chamado “Aquarius”, que foi exibido no festival de Cannes, na França.
Garantidos os holofotes, este senhor e parte do elenco resolveram exibir
pequenos cartazes em inglês e francês anunciando ao mundo uma mentira: o Brasil
teria sofrido um golpe de Estado e já não seria mais uma democracia.
Como vocês leram num post publicado aqui,
Kleber exerce um cargo de confiança numa entidade federal, a Fundação Joaquim
Nabuco, onde é coordenador de Cinema.
Entendo. Seu filme foi feito com
dinheiro do BNDES, um banco público federal, e da Secretaria de Cultura de
Pernambuco. A ida do valente a Cannes também foi bancada por um órgão público,
a Ancine, por meio de um programa que apóia a participação em festivais.
Muito bem. Até ontem à noite, a
assessoria de Mendonça Filho, novo ministro da Educação e Cultura, afirmou que
o MEC ainda não tinha decidido se o valente continuaria ou não no cargo. O
ministro teria dito que Kleber “é um cidadão brasileiro e tem o direito de se
expressar”.
Ora, é claro que sim! Que se expresse
onde quiser e como quiser. O que ele não tem é o direito de usar dinheiro
público para difamar o país no exterior e para mentir.
A única coisa razoável a fazer é
demiti-lo sumariamente, caso lhe falte, claro! A hombridade para pedir
demissão. Quem quer ser dono das próprias opiniões — e com esse desassombro
exibido pelo tal Kleber — tem de se garantir sem a caridade oficial, não é
mesmo?
Se ele não reconhece a democracia como
um valor, que vá falar suas bobagens em outra freguesia. O MEC não tem apenas o
direito de demiti-lo; tem é a obrigação. Em nome do Estado democrático e de
direito.
As instituições não têm de financiar as
opiniões do Sr. Kleber quando ele próprio deixa claro que as despreza.
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