Por Rogério
Mendelski, 29/01/2013,
www.correiodopovo.com.br
Quando as autoridades de segurança pública
nos recomendam a ter juízo para não sermos assaltados ou para não frequentarmos
casas noturnas é por que talvez estejamos todos chegando ao final do túnel e a
luz que nos guiava até lá era apenas um trem vindo de encontro a nós.
O major Gérson da Rosa Pereira, do
Corpo de Bombeiros de Santa Maria, nos deu um conselho: “A população também
deve ter cuidado com o lugar que frequenta. Não dá para ficar em um lugar onde
não se pode nem se mexer”. Mas o correto e o tranquilo para a população não
seria estar livre dos locais citados se o sistema de fiscalização funcionasse
como deveria funcionar?
Querem nos transformar em carneirinhos
obedientes que ao menor latido de um border collie correm desesperados
para o curral. Já temos “mais sorte que juízo” quando saímos de casa todos os
dias para trabalhar, para estudar ou para fazer compras no supermercado.
Até agora éramos “sortudos” apenas com
a bandidagem: “Não reagir, não olhar para nossos algozes, entregar tudo de
valor e – quem sabe? – relaxar e gozar”. O prêmio lotérico era sair com vida
numa ocasião dessas. Mas as nossas responsabilidades, diante da
irresponsabilidade das autoridades pagas para nos dar qualidade de vida,
aumentaram depois da tragédia de Santa Maria.
Com uma mochila nova e mais pesada vamos
carregá-la de “juízo” para que não sejamos tão somente “sortudos” quando
quisermos sair à noite para usufruir um pouco de lazer. E o que deveremos
fazer?
Mesmo sem um jaleco de autoridade ou de
fiscal, ao escolhermos uma casa noturna, já na portaria, pediremos o alvará de
funcionamento e a validade dos extintores. E aí, então, entraremos ou daremos
meia-volta.
Vamos pedir também a planta da casa e
com a informação das medidas do ambiente poderemos avaliar a contagem do
borderô para saber se o público que se diverte lá dentro está restrito ao metro
quadrado a que tem direito, se “mexendo” com liberdade.
Se cada cidadão brasileiro cumprir com
as recomendações de nossas autoridades, todos nós seremos muito felizes em
nossas atividades e no nosso lazer. Sobre a tragédia da boate Kiss resta à
triste constatação: os culpados foram essas centenas de mortos e feridos que
não fizeram o trabalho fiscalizador da prefeitura e dos bombeiros.
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