Os
deputados promoveram suas votações antipacote enquanto o país estava abalado
com a tragédia que matou um time de futebol inteiro
01/12/2016, www.veja.com.br
O plenário da Câmara, à sorrelfa,
preocupadíssimo com a corrupção: comportamento indigno
O chamado pacote
anticorrupção nasceu há um ano e meio. Os procuradores do Ministério Público
listaram dez medidas que entendiam essenciais para apertar o cerco contra a
corrupção e pediram apoio à população. Recolheram 2,4 milhões de assinaturas. O
projeto chegou ao Congresso há oito meses. Passou por uma comissão da Câmara
dos Deputados, onde foi depurado, com a exclusão de algumas medidas e, na
madrugada de quarta-feira, precisou de poucas horas para ser desfigurado pelo
voto dos parlamentares. Em vez de pacote anticorrupção,
integrantes da base do governo e da oposição transformaram-no em uma maçaroca
disforme que protege suspeitos de corrupção e amarra as mãos de quem quer
pegá-los.
Pior do que o pacote
aprovado foi o momento escolhido para aprová-lo. Os deputados promoveram
suas votações antipacote enquanto o país estava abalado com a tragédia que
matou um time de futebol inteiro, a simpática, pequena e fulgurante Chapecoense,
que voava para sua primeira glória internacional. Soou a milhares, talvez
milhões de brasileiros, como uma provocação: esconderam-se atrás do biombo de
uma tragédia para assaltar, mais uma vez, essa longa, dolorosa e antiga aspiração
brasileira por uma vida pública correta e limpa. Reportagem de capa de VEJA
desta semana detalha como se deu essa ação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário