Luciana Lóssio rasga a fantasia de ministra do TSE, vira advogada de
defesa e interna o doente de araque
Por Augusto
Nunes, 18/11/2016,
www.veja.com.br
Nas crônicas do grande Nelson Rodrigues, viúvas
inconsoláveis agitam velórios no subúrbio ameaçando consumar o que se poderia
chamar de salto sobre caixão de defunto. Nesta quinta-feira, Rosinha Garotinho,
ex-governadora do Rio e atual prefeita de Campos dos Goytacazes, e sua filha
Clarissa, deputada federal, por pouco não inventaram outra modalidade
não-olímpica: o salto sobre maca de ambulância.
Em vez de algum marido morto, o alvo era um doente
de araque. Para não ser transferido do hospital para a cadeia, Anthony
Garotinho, ex-governador e secretário municipal da cidade governada pela mulher
até cair na rede da Operação Chequinho, caprichou na pose de agonizante, sob
gritos, uivos e guinchos da dupla de familiares. “Meu pai não é bandido!”,
gemia Clarissa. Os fatos berram que é.
O pai da parlamentar constata o comentário de 1
minuto, para o site de VEJA, está vendendo saúde. Quem não vai sair tão cedo da
UTI é o Rio de Janeiro que ele, Rosinha e Sérgio Cabral quase assassinaram.
Alheia às evidências, a ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior
Eleitoral, suspendeu no fim da tarde desta sexta-feira a hospedagem de
Garotinho em Bangu 8 ─ e determinou a devolução do paciente imaginário a um
hospital.
As alegações da doutora são tão claras e
convincentes quanto um discurso de Dilma Rousseff: “As graves conseqüências que
podem advir de uma inapropriada interrupção do tratamento clínico do paciente
em ambiente hospitalar exigem do magistrado redobrada cautela na solução do
caso, não se revelando minimamente razoável que a decisão judicial tenha lastro
em notícias de supostas regalias em relação às quais não se indicou nada de
concreto”, escreveu Luciana.
Antes da nomeação para o TSE, a exterminadora de
vírgulas era advogada militante. Deveria ao menos rasgar a fantasia de ministra
e assumir oficialmente a defesa do ilustre meliante.
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