Em depoimento aos investigadores,
empresário confirma que senadora teria recebido meio milhão de reais da
empreiteira
Por Thiago Bronzatto, 07/11/2016,
www.veja.com.br
A senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), réu da Operação Lava-Jato, é suspeita de receber meio
milhão de reais em propina da Odebrecht
Enquanto a delação dos executivos da Odebrecht
caminha para a reta final, a Operação Lava Jato avança nas investigações da
lista de políticos que receberam dinheiro sujo da construtora. Desta vez, o
alvo é a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que já é ré do petrolão. A pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Teori Zavascki, relator dos processos
da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a instauração de um
inquérito sigiloso para apurar se a ex-ministra praticou os crimes de
corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Gleisi é suspeita de receber meio milhão de reais
em caixa dois da Odebrecht durante as eleições de 2014. Segundo os
investigadores, a senadora petista estaria associada ao codinome “coxa” na
relação de políticos que receberam dinheiro do departamento de propinas da
maior empreiteira do país. Na lista da construtora, consta que o empresário
Bruno Martins Gonçalves Ferreira seria o responsável por entregar os recursos
ilícitos destinados à ex-ministra da Casa Civil.
“Ouvido sobre os fatos, Bruno Ferreira asseriu que
levou uma pessoa de nome Leones, chefe de gabinete da Senadora Gleisi Hoffmann,
do aeroporto de Congonhas até o edifício da Odebrecht, ocasião em presenciou
reunião entre Leones e Fernando Migliaccio da Silva na qual foi discutido o
pagamento de verbas para a campanha da referida senadora”, diz documento da PGR
obtido por VEJA.
Leones Dall’agnol coordenou a campanha de Gleisi
Hoffmann ao governo do Paraná em 2014, foi chefe de gabinete da ex-ministra na
Casa Civil e integrou o conselho de administração dos Correios, presidido pelo
ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora petista. O homem de confiança de
Gleisi foi apontado como destinatário de uma propina de 600 000 reais, oriunda
de contratos dos Correios, na delação premiada do ex-vereador do PT Alexandre
Romano, conhecido como Chambinho.
Ex-diretor da Odebrecht, Fernando Migliaccio da
Silva era um dos responsáveis por administrar o departamento de propinas da
empreiteira, segundo investigadores da Lava Jato. O executivo foi preso na
Suíça, tentando fechar uma conta bancária em Genebra, e extraditado para o
Brasil. Migliaccio, denunciado pelo Ministério Público Federal por lavagem de
dinheiro, está entre os principais delatores da construtora.
Em setembro, Gleisi e seu marido, Paulo Bernardo,
se tornaram réus na Lava Jato, após o STF aceitar a denúncia apresentada pela
PGR, que acusa o casal petista de ter praticado os crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro. De acordo com os investigadores, a senadora teria
recebido 1 milhão de reais em propina da diretoria de abastecimento da
Petrobras para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010. A ex-ministra da
Casa Civil e Paulo Bernardo também são suspeitos de terem se beneficiado de
dinheiro sujo desviado de um contrato da Consist com o Ministério do
Planejamento. Ao todo, os dois teriam recebido 7 milhões de reais em vantagens
indevidas. Esse pixuleco teria sido usado para bancar jantares
para prefeitos, motorista particular da senadora e aluguel de um flat usado
como escritório informal da campanha. Bernardo foi denunciado pelo
Ministério Público Federal por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.
Procurada, a senadora Gleisi Hoffmann, por meio de
sua assessoria de imprensa, disse que não vai comentar, porque “desconhece o
fato”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário